Há muito que andava sem vontade de escrever, sem motivação, sem ter nada para dizer.
Hoje, ao terminar este livro, senti vontade de deitar cá para fora tudo o que me ia na alma. Esta leitura mexeu comigo e, penso que não deixará ninguém indiferente!
SINOPSE: "Depois de Jornada de África, primeiro romance do autor, e a par de Alma e A Terceira Rosa, Prémio Literário Fernando Namora, a publicação das narrativas de O Homem do País Azul veio revelar uma outra consistente faceta da criação literária de Manuel Alegre. Nelas se conjuga o mais particular e o mais secreto de cada homem com a imensidão do fantástico e do arquetípico. E a dualidade, tratada com acentuada riqueza estilística, confere-lhes sentido universal. O sentido universal da errância e da procura, do real e do imaginário, das rotinas e do inesperado, que em qualquer momento tudo pode subverter. Na alegoria de O Homem do País Azul estão de facto abrangidas todas as terras onde se demanda a liberdade e o sentido de existir. Por ela perpassa o sonho e a nostalgia dos anos sessenta: Paris, Argel, Bolívia, Guevara, a utopia, a festa, o amor, o risco. O Homem do País Azul, poético, fantástico, misterioso, vai direito ao coração. E reacende a «memória perturbada»."
A minha opinião
Um desafio por concluir.
A procura de um livro.
Um achado magnífico.
Este pequeno livro é constituído por dez pequenos grandes contos que o tornam um excelente livro. Adoro a poesia de Manuel Alegre e considero-o um dos maiores poetas da atualidade, mas a sua prosa é para mim um campo menos conhecido. Tenho vergonha de o confessar, mas praticamente desconhecia esta vertente da escrita de Alegre que considero, neste momento, ser uma lacuna enorme nas minhas leituras.
A primeira edição deste livro data de 1989, meros 15 anos após o 25 de Abril e o primeiro conto retrata, principalmente, a época salazarista com toda a profundidade de quem a viveu. Manuel Alegre deixa bem patentes as memórias da sua luta contra o fascismo, a guerra colonial e o exílio, num registo que posso considerar autobiográfico. A escrita conduz-nos claramente numa viagem ao interior do próprio autor. Este primeiro conto é uma reflexão profunda de Alegre sobre a ditadura e o exílio e é ele que dá o título ao livro. É um grito de revolta e liberdade que cresceu dentro de cada um de nós e que foi a base para a nossa libertação. É um livro onde Alegre partilhou parte de si, parte da sua alma e do seu querer. O conto fala-nos de um homem que é qualquer homem mas pertence a um só lugar, não abre mão das suas raízes. É realmente magnífico! Este homem existe em todos os lugares onde se procura a liberdade e a razão de viver, existe hoje no nosso país, existe hoje nos lugares onde não há liberdade e existirá sempre em todo o lado porque haverá sempre alguém que procura por si, alguém que está só. No terceiro conto revi-me no quotidiano da época da ditadura e das conversas em segredo que ouvia e não entendia, revi-me no medo e na esperança desses dias. Foi um apelo à minha memória, um recordar com alma e um desejo de que esse ideais de liberdade e igualdade estejam bem vivos no coração de todos nós.
Os restantes contos são também eles fabulosos, o histórico, o fantástico, o misterioso, o poético, entrelaçam-se numa escrita simples, clara e acessível, mas que não deixa de ser grandiosa e universal.
Fiquei fascinada!
Quero ler mais!
Vou ler muito mais!
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